No primeiro dia do júri popular do caso Roberta Dias, ocorrido nesta quarta-feira (23), Saullo de Thasso Araújo dos Santos, ex-namorado da jovem assassinada em abril de 2012, confessou ter premeditado sozinho o crime. Saullo, atualmente com 30 anos, não está sendo processado, pois na época do assassinato, quando Roberta tinha 18 anos, ele ainda era menor de idade.
Em seu depoimento, Saullo afirmou que seu amigo, Karlo Bruno Pereira Tavares, conhecido como “Bruninho” e apontado como o executor, só soube da intenção de matar Roberta no momento em que foi buscá-la. A vítima estava grávida de um filho de Saullo, uma gravidez que, segundo ele, era indesejada por sua família, já que ele tinha apenas 17 anos na época.
Saullo também inocentou sua mãe, Mary Jane Araújo dos Santos, que é ré no processo, declarando que ela não tinha conhecimento algum sobre o crime no dia em que ocorreu.
Os dois réus, Bruninho e Mary Jane, estão sendo julgados por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel – asfixia – e impossibilidade de defesa da vítima), além de aborto provocado por terceiro, devido à perda do feto. Eles também respondem por ocultação de cadáver e corrupção de menores, pelo envolvimento de Saullo, então adolescente, na trama. O ex-namorado, por ser menor de idade na época, não foi denunciado, mas foi representado na Vara da Infância e da Juventude.
Às vésperas do julgamento, um áudio atribuído a Bruninho voltou a circular nas redes sociais, reacendendo a repercussão do caso.
Como Ocorre o Júri Popular:
O julgamento teve início na quarta-feira com o sorteio dos jurados e a oitiva das oito testemunhas de acusação. Nesta quinta-feira (24), o processo continua com o depoimento das testemunhas de defesa, seguido pelo interrogatório dos dois acusados, Mary Jane e Bruninho, previsto para o final do dia.
Para a sexta-feira (25), está reservado o momento dos debates entre acusação e defesa, com uma previsão de duração de aproximadamente nove horas, com início antecipado para conclusão no mesmo dia. Os debates não terão interrupções.
O Caso:
Roberta Costa Dias desapareceu em abril de 2012, aos 18 anos. A motivação do crime seria a gravidez de seu filho com Saullo, com quem ela mantinha um relacionamento. Ele e sua mãe teriam atraído Roberta para uma rua próxima ao posto de saúde onde ela havia ido se consultar.
A ossada de Roberta Dias só foi encontrada nove anos após o assassinato, na Praia do Pontal do Peba, em Piaçabuçu. A descoberta ocorreu após a mãe de Roberta, ao saber da localização de um crânio na região, providenciar uma escavadeira para recolher os restos mortais da filha. A polícia foi então acionada, e a Perícia Oficial confirmou, por meio de exame, que se tratavam dos restos mortais de Roberta Dias.