Após 19 horas de julgamento, a advogada Janadaris Sfredo foi condenada a 28 anos de prisão, em regime inicialmente fechado, pela autoria intelectual do assassinato do também advogado Marcos André de Deus Félix.
O crime ocorreu em março de 2014, na Praia do Francês, por meio de uma emboscada. A motivação, segundo a acusação, foi uma disputa judicial pela reintegração de posse de uma pousada.
O júri começou na manhã de quinta-feira (14) e terminou na madrugada desta sexta-feira (15), no Fórum Desembargador Jairo Maia Fernandes, no bairro Barro Duro, em Maceió. O julgamento foi presidido pelo juiz Geraldo Amorim, da 9ª Vara, e contou com depoimentos de nove testemunhas.
Defesa tentou desqualificar vítima
Durante o julgamento, a defesa de Janadaris não apresentou argumentos que garantissem sua liberdade. Optou por tentar desqualificar a vítima, trazendo testemunhas que entraram em contradição diversas vezes. Um dos depoimentos foi desconsiderado, e outra testemunha, identificada como Izabel, que vive na Itália, foi ouvida apenas como declarante.
O promotor de Justiça Coaracy Fonseca, que atuou ao lado dos advogados de acusação Roberto Moura, Julia Figueiredo e André Argolo, afirmou que o processo estava amparado por provas “indiscutíveis” contra a ré:
“Foi um júri difícil e que exigiu muito de nós. A defesa tentou estratégias para inocentar a cliente, mas tínhamos um processo robusto. Após mais de uma década de espera, a ré vai pagar pelo crime que arquitetou, e o coração dos familiares da vítima se sentirá mais aliviado. Hoje colocamos um ponto final numa história triste e dolorosa.”
Vítima deixou recado antes de morrer
Um dos momentos mais marcantes do julgamento veio do depoimento do advogado Antônio Carlos, colega de longa data de Marcos André. Ele relatou que, no leito do hospital, pouco antes de morrer, a vítima identificou Janadaris como responsável pelo atentado.
Segundo Antônio Carlos, para poupar a fala do amigo em estado delicado, uma prancheta foi entregue a Marcos André. Nele, ele escreveu o nome de Janadaris e mencionou “os 50 mil” — quantia que, segundo o depoente, seria o pagamento pela execução da sentença.
“Fui inocente e me desfiz do papel, achando que ele resistiria”, lamentou.
Alívio para a família após 11 anos
Vestindo camisas pretas e brancas, os familiares de Marcos André acompanharam todo o julgamento. A irmã, Manuela de Deus Félix, chegou a passar mal durante a sessão.
“Meu irmão não voltará, mas hoje nos enchemos de fé e acreditamos em Deus. Pelo menos ameniza essa dor que se estendeu por 11 anos e abalou emocionalmente toda a família”, disse.