Os dirigentes maiores do CSA têm divergência quanto a tornar o clube uma sociedade anônima de futebol, entidade jurídica que responde pela sigla SAF.
A revelação foi feita pelo presidente do Conselho deliberativo, o empresário Rafael Tenório, em entrevista à mesa redonda esportiva Esquadrão 89, transmitido pela rádio desta frequência e pelo Portal ACTA.
Segundo ele, o presidente executivo, jurista Omar Coelho, não está convencido acerca dos benefícios da conversão de instituição sem fins lucrativos – como é hoje – em empresa; tendência que chega aos poucos ao futebol brasileiro, mas, já realidade nas grandes ligas europeias.
“Não precisaria alterar o CNPJ”, disse Tenório, antecessor de Coelho e que tem sua passagem à frente do clube associada ao período de maiores conquistas do clube – referindo-se ao número que, para as empresas, é o mesmo que para as pessoas físicas se constitui o CPF.
“Basta alterar o estatuto e mudar a forma de tributação”, acrescentou, referindo-se às obrigações com impostos como a de qualquer outra empresa.
E citou os casos do Cuiabá (MT) e RB Brasil, antigo Bragantino (SP), que já estão seguindo esse caminho.
Outro clube que tem despertado a atenção, pela situação em que estava e a possibilidade de recuperação, é o Cruzeiro (MG), graças à ajuda de Ronaldo Nazário (Ronaldo Fenômeno).
Tenório disse que já reuniu a documentação necessária para a mudança e mais: que tentará convencer o atual presidente e demais conselheiros a empreender a mudança.
Também relatou a tramitação do projeto de lei que estabelece as regras para a mudança dos clubes, que começou ainda na gestão de Rodrigo Maia (sem partido) como presidente da Câmara.
E que em contato com o presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu a promessa de que, com a mudança na Mesa diretora da Câmara, conseguiria do futuro presidente a aprovação do projeto.
E assim foi: entre os temas colocados em pauta por Arthur Lira (PP–AL), com cuja aprovação teria se comprometido, estava a aprovação da legislação referente aos times – que, na prática, objetiva sanear as contas da maioria dos grandes clubes, apesar de tradicionais e com milhões de torcedores, à beira da insolvência.
“Se não fosse um assunto sério, não iria passar pela Câmara, pelo Senado Federal”, defendeu.
Para o dirigente, a conversão do CSA em SAF é o caminho para captação de investimentos, para melhorar o desempenho esportivo da equipe.
Porém, ele não cogita abrir o capital do futuro clube empresa, ou seja, lançar ações em bolsa de valores.
“Não mudaria cores, não mudaria nome, não mudaria mais nada. E imagine você conseguir um investidor que se dispusesse a colocar, por exemplo, R$ 150 milhões no clube, para contratar jogadores? Ia ou não ia melhorar o desempenho do time? E eu já recebi investidores”.
A proposta que Tenório defende é a de o clube abrir 51% ou até 60% do capital do CSA.
O empresário marcou sua gestão como o período mais vitorioso do clube: o único no Brasil a conseguir três acessos seguidos, campeão da Série C e, ao final da sequência, chegando à elite do futebol brasileiro.
E, como lembraram os apresentadores, após pegar o time quase “sem calendário”, ou seja, fora de competições regionais e nacionais: depois que encerrava o Campeonato Alagoano, o CSA passava o restante do ano parado.
Sua gestão rende, agora, a cogitação de homenageá-lo dando seu nome às futuras instalações do clube.
Na entrevista, Tenório disse ter compromisso com a família Paiva de manter o nome do também empresário Gustavo Paiva, que no início da história do clube, cedeu o terreno onde foi instalado o Estádio que levava seu nome, no Mutange.