O destino político do presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, deputado estadual Marcelo Victor (UB), pode ser o MDB. A mudança, além de desfecho de uma ruptura impensável há poucos meses, marca mais um ingrato episódio no intrincado xadrez que acabou se configurando o ano eleitoral no Estado.
Principal articulador da formação do União Brasil – o novo partido, fruto da fusão do DEM com o PSL –, o presidente da Assembleia poderá ficar fora da própria legenda que consolidou porque o comando ficará com o deputado federal Arthur Lira (PP).
“Agora, [o deputado Marcelo Victor] tem que se conformar e aceitar: o comando [do UB] ficará mesmo com o [deputado federal] Arthur Lira”, diz fonte consultada pelo ACTA.
E como se não bastassem as particularidades do episódio, alguém que acompanha a cena política alagoana “por dentro” acrescenta mais um elemento pitoresco:
“É a mesma coisa que ir de encontro a ele, Marcelo Victor, na Assembleia – onde ele é imbatível”, diz.
“Assim também é com o Arthur Lira, no Congresso. O peso de um, na Assembleia, é o mesmo do outro, no Congresso”, avalia, referindo-se às casas legislativas comandadas por cada um.
Nas contas para a eleição do governador-tampão que cumprirá o restante do mandato, caso o governador Renan Filho (MDB) se afaste para se candidatar ao Senado, analistas e alguns dos próprios integrantes do plenário da Assembleia dão como certo o seguinte placar: qualquer nome de oposição que tente concorrer com o escolhido por Marcelo Victor terá, no máximo, seis votos – os demais vinte (ou vinte e um, em caso de o próprio presidente votar) estarão com o candidato apoiado pela Mesa diretora.
Pessoa ouvida pela reportagem explica o critério que leva à projeção da futura legenda do presidente da Mesa diretora da ALE: uma que não tenha a influência política de Lira.
“Vamos por exclusão: quais os partidos em que, hoje, Arthur Lira não têm ascendência?”, explica.
Pelo critério, seriam: MDB, PT, PSDB, PSB (do prefeito de Maceió, JHC) e, claro, as legendas de esquerda, a começar pelo PC do B.
Com outro partido que se enquadraria nesse conjunto, aliás, se deu uma cisão parecida.
O PSD, que hoje tem à frente o ex-prefeito de Maceió, Rui Palmeira, tinha como principal liderança em Alagoas o deputado federal Marx Beltrão.
Com a interferência do dirigente nacional da legenda, o ex-prefeito São Paulo Gilberto Kassab, o comando passou a Palmeira – o que motivou questionamentos sobre a permanência ou não de Beltrão.
Com os demais, em maior ou menor grau, há interferência, influência ou proximidade com Lira, mesmo se mantendo filiado ao PP.