O deputado federal Paulão (PT) avalia que o governador Renan Filho (MDB) deverá deixar o governo e se candidatar ao Senado. Para o parlamentar, o principal indicativo para embasar a projeção é a postura do chefe do Executivo estadual, de comportamento autenticamente compatível com o de um pré-candidato.
“Pode escrever com aspas e letras maiúsculas: é barrigada”, declarou o congressista, referindo-se ao mais recente episódio da saga em torno da decisão do governador: um suposto encontro com o ex-presidente Lula (PT), em que o mais que provável futuro candidato na disputa para retornar ao Planalto teria pedido que Renan Filho permanecesse no governo, em troca de um ministério garantido – em caso de vitória do petista.
O pedido para Renan Filho permanecer no governo seria para que Lula “tivesse um palanque garantido” em Alagoas.
“O único encontro recente foi em dezembro ou janeiro e para tratar de outras questões”, endossou Paulão, reforçando contestar a informação, que citava ainda a presença, no encontro, do senador Renan Calheiros – pai do governador e defensor de aliança com o líder petista.
“Além disso, o ex-presidente é um político experiente e um homem público responsável: ele jamais iria interferir desse jeito em assuntos internos de outro partido. Ele não faz isso no próprio PT, ia fazer com outro partido”, acrescenta o deputado federal por Alagoas – que conversou com o ACTA, por telefone, de Brasília (DF), onde está, nas atividades parlamentares da Câmara.
E em relação às possibilidades para o governador, Paulão é taxativo:
“É uma avaliação pessoal minha: ele é candidato ao Senado”, diz, convicto.
Politicamente, é a tendência: depois de exercer mandato em todos os demais cargos eletivos, em 2022, Renan Filho encerra o segundo mandato de governador, com boa avaliação política e popular e, em particular, com um “portfólio” de realizações para apresentar – o que o habilita ao caminho quase que natural.
Para os políticos, outro fator que pesa: se não disputar o Senado, agora, o governador passará quatro anos afastado de atividades públicas relevantes – já que, politicamente, não faria sentido “voltar” em 2024, para disputar eleição municipal.
Em algumas análises, seria quase que uma aposentadoria política precoce.
Porém, não contar com um vice-governador, faz com que tenha que deixar o governo nas mãos de adversários, com a escolha sendo feita pela Assembleia. O que, somado à avaliação de que, como congressista, a possibilidade de acomodação de aliados seja menor do que no Executivo (à frente do governo) aumenta o número de variáveis para o governador.
Oficialmente, ele não fechou questão – mesmo tendo o principal cacique do partido no Estado, o senador Renan Calheiros, há muito vir defendendo a ideia do afastamento com candidatura ao Senado.
Para reforçar essa tendência, a própria conjuntura política tratou de dar uma ajuda: o provável afastamento entre os presidentes da Mesa diretora da Assembleia de Alagoas, deputado estadual Marcelo Victor (UB), e o da Mesa da Câmara, deputado federal Arthur Lira (PP).
A aliança, até duas semanas, representaria um risco de concorrência para a candidatura do governador ao Senado, apesar de sua eleição ser considerada bem provável.
Com o afastamento entre Marcelo Victor e Lira, provocado pela disputa no comando da nova legenda – o União Brasil, que junta o DEM e PSL –, a possibilidades de sucesso melhoram – não só para o governador; para vários outros candidatos, a diferentes cargos.
Além disso, há o elemento advindo da leitura política dos fatos, citada por Paulão:
“Basta ver a agenda que o governador vem cumprindo, entregando duas, três obras, realizações de governo, todo dia”, diz o parlamentar, para quem o gesto de “deixar a casa em ordem” é mais que indicativo de que o afastamento virá mesmo, para a candidatura ao Senado.