Câmbio e ações no Brasil andaram na contramão do mercado internacional, que caiu com ameaças de tarifas de Trump. Índice do medo disparou.
Dólar. FOTO: Freepik
O dólar fechou em queda de 0,11%, cotado a R$ 5,80, nesta quinta-feira (13/3). Para analistas, variações de até 0,20% para cima ou para baixo, indicam estabilidade da moeda americana em relação ao real. Já a Bolsa brasileira (B3) desencantou. O Ibovespa, o principal índice da B3, registrou forte alta de 1,44%, aos 125.646.
A reação positiva dos mercados de câmbio e de capitais no Brasil ocorreu à revelia de nova ameaça feita pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de elevação de tarifas de importação. Desta vez, o republicano disse que taxaria em 200% o setor de bebidas alcoólicas da União Europeia.
Na avaliação de Bruno Shahini, especialista em investimentos da fintech Nomad, a sessão de hoje no mercado global foi “marcada por um sentimento de aversão ao risco, com os principais índices americanos e europeus em queda, além de mais um dia de alta no VIX, também conhecido como “índice do medo”, que atingiu os maiores níveis desde agosto do ano passado.
Receio das tarifas
“O sentimento do dia voltou a ser influenciado pelo receio de aprofundamento da questão das tarifas americanas, com indícios de uma nova rodada de escalada nas tensões entre Estados Unidos, Canadá e Europa”, diz Shahini. “A incerteza quanto ao escopo das tarifas e à ausência de um plano claro de implementação, somada ao início de medidas de retaliação por parte de alguns países, tem levado o índice S&P 500 ao território de “correção” — uma queda de 10% em relação à sua última máxima, registrada há poucas semanas, em fevereiro. Desde então, as empresas do índice já perderam cerca de 5 trilhões de dólares em valor de mercado.”
“Portos seguros”
Nesse cenário, observa o analista, esta quinta-feira foi mais um dia de fuga dos ativos de risco, acompanhado por um movimento de busca por ativos considerados “portos seguros”. Esse procura por proteção, pressionou para baixo os rendimentos dos títulos do Tesouro americano e impulsionou a demanda por ouro, que negocia muito próximo de seu maior valor histórico, com alta de quase 2%, sendo negociado a patamares próximo dos US$ 3.000.
Brasil na contramão
No Brasil, para João Vitor Saccardo, responsável pela mesa de renda variável da Convexa Investimentos, o Ibovespa foi puxado pelas ações do sistema financeiro, além de empresas ligadas a commodities e ao setor de siderurgia. A CSN, por exemplo, chegou a valorizar 12% no pregão, depois da divulgação do balanço. Ele reportou um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 3,3 bilhões, superando as expectativas do mercado.
Embora o Ibovespa tenha subido, os índices de Nova York caíram, com a guerra comercial declarada por Trump pressionando o mercado. Às 17h30, o Dow Jones registrava baixa de 1.14%; o S&P 500 caía 1,15%; e o Nasdaq, que concentra as ações de empresas de tecnologia, recuava 1,59%.
O câmbio também teve um desempenho positivo no Brasil, na comparação com outras divisas. Enquanto a moeda americana permaneceu estável no mercado brasileiro, o índice DXY, que mede a força do dólar em relação a uma cesta de seis divisas de países desenvolvidos, subia 0,24% às 16 horas. Nesta quinta-feira, as moedas de países emergentes, em especial da Ásia e da América Latina, estiveram entre as mais resilientes do pregão.
Para Saccardo, a explicação do bom resultado do câmbio e das ações no Brasil pode estar numa mudança de direção dos investimentos. “Com a desaceleração do mercado americano, podemos ter um maior fluxo para mercados emergentes, como é o caso do Brasil”, diz.
FONTE: Metrópoles
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