ASuperintendência do Programa Ronda no Bairro afastou os agentes envolvidos na abordagem policial truculenta de um adolescente de 17 anos. O caso aconteceu na última quarta-feira (11), no centro de Maceió.
Na última quinta-feira (12), a mãe do jovem denunciou que o filho foi vítima de agressões e comentários racistas por parte de uma equipe do Ronda no Bairro.
A família registrou um Boletim de Ocorrência e levou o caso à Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Alagoas (OAB-AL).
A nota divulgada pela Superintendência do Programa Ronda no Bairro não deixa claro quantos agentes foram afastados, mas a deúncia cita quatro.
Relembre o caso
Segundo relato feito no BO e à Comissão de Direitos Humanos, o jovem trabalha fazendo entregas. Por volta das 10h50, ele passava pela Rua Barão de Alagoas transportando, em sua bicicleta, coco ralado e milho.
Neste momento, ele foi abordado por uma equipe do Ronda. A denúncia afirma que eram 4 policiais militares e que um deles disse “pare seu negrinho! Pare logo seu negro”.
Como a bicicleta estava com problemas nos freios, o adolescente não conseguiu frear imediatamente. Por conta disso, ele levou um chute nas costas, do mesmo policial que o havia abordado, e acabou caindo no chão.
Os PMs estavam em motos. Dois desceram, arrastaram o jovem pela camisa, o pressionaram contra uma porta de rolo e passaram a dar choques na barriga dele, que havia passado por cirurgia no local recentemente.
A denúncia afirma ainda que os agentes questionaram o jovem várias vezes a respeito de drogas. Ao fim, um dos PMs disse, “seu negro. Você quer que eu chame uma ambulância para você não cair mais?”.
O jovem recebeu atendimento médico no local. Após registro do Boletim de Ocorrência, ele foi encaminhado para fazer exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML).
Parte da agressão foi filmada por uma câmera de segurança e testemunhas presenciaram a situação.
A mãe da vítima esteve no local e fez imagens do filho agredido. Na camisa dele ainda era possível ver uma marca da sola da bota do policial que o chutou.
“Meu filho trabalhando. Machucaram ele todinho. Era para eles [os policiais] darem exemplo”, diz a mçae indignada em um dos vídeos gravados por ela pouco depois do ocorrido.
A Comissão de Direitos Humanos da OAB informou que enviou ofícios cobrando providências para o Delegado-Geral Carlos Reis, no intuito de ser aberto o inquérito policial, pedindo a designação de delegado especial para acompanhamento do caso; para a promotora titular do Controle Externo, Karla Padilha; para o Secretário de Segurança Pública, Elias Oliveira, no intuito que promova procedimento disciplinar, considerando que a Ronda no Bairro é de responsabilidade desta secretaria.
Também foram oficiados o Conselho Estadual de Direitos Humanos, através do promotor Magno Moura; a Coordenadoria de Direitos Humanos do MPE/AL, por meio da promotora Marluce Falcão; a Coordenadoria de Direitos Humanos do TJ/AL, através do desembargador Tutmes Airan; e a Secretaria Estadual da Mulher e dos Direitos Humanos (SEMUDH), por meio da secretária Maria José.
Veja o flagrante feito por uma câmera de segurança