As expressões culturais e artística da Rússia estão cada vez mais isoladas após os ataques do país à Ucrânia. Em pouco mais de uma semana de ofensiva militar, a região já enfrenta suspensões de filmes, críticas de artistas internacionais, rejeição no Festival de Cinema de Cannes e resistência a apresentações de companhias como Bolshoi em outros lugares do mundo.
Mesmo durante a Guerra Fria, artistas russos frequentemente se apresentavam no Ocidente, mas com a invasão, a Europa, por exemplo, parece não querer ver grupos e mostras de arte vindas de lá. “Mesmo nos momentos mais difíceis da Guerra Fria, os intercâmbios culturais entre artistas russos, americanos e europeus continuaram. Sempre houve tensões, mas era possível”, disse à AFP Peter Gelb, diretor do Metropolitan Opera House de Nova York.
Cinema
A indústria do cinema também vem aumento o nível de isolamento da Rússia. Nesta semana, os estúdios Disney, Sony Pictures e WarnerMedia anunciaram a suspensão do lançamento de seus filmes no país.
De acordo com a Disney, por meio de comunicado oficial, todas as exibições serão interrompidas por tempo indeterminado. “Dada a invasão não provocada e a trágica crise humanitária, estamos suspendendo o lançamento nos cinemas de filmes no país, incluindo o próximo Alerta Vermelho da Pixar”, escreveu o grupo.
A Sony Pictures, subsidiária do grupo japonês Sony, também suspendeu o lançamento de seus filmes na Rússia, incluindo Morbius, sua mais recente grande produção de super-heróis. O grupo justificou sua decisão pela “ação militar que continua na Ucrânia, a incerteza resultante e a crise humanitária desencadeada na região”.
A WarnerMedia, outro grande estúdio americano, também disse que suspenderá o lançamento da última versão do Batman na Rússia.
Festival de Cannes
O Festival de Cinema de Cannes, na França, planeja rejeitar delegações oficiais russas e também “não aceitará a presença de qualquer órgão relacionado ao governo russo”, enquanto durar a invasão da Ucrânia por parte de Moscou. A informação foi anunciada pelos organizadores do evento por meio de um comunicado oficial divulgado no início da semana.
“Decidimos, a menos que a guerra de agressão seja interrompida com condições satisfatórias para o povo ucraniano, não receber delegações oficiais procedentes da Rússia, nem aceitar a presença de qualquer órgão relacionado ao governo russo”, informou o festival mais importante do mundo, que acontece entre 17 e 28 de maio.
Artistas condenam ataques
Vera Farmiga, que ficou conhecida por integrar o elenco do filme O Menino do Pijama Listrado, condenou a operação militar russa na região. A artista, que é filha de imigrantes ucranianos, postou um trecho do hino nacional do país.
“A Ucrânia ainda não morreu. Nem sua glória ou liberdade. Para nós, compatriotas, o destino sorrirá mais uma vez. Nossos inimigos desaparecerão, como o orvalho ao sol da manhã. E nós governaremos, irmãos, em nossa própria terra livre. Entregaremos nossas almas e corpos para alcançar nossa liberdade”, diz o texto.
Milla Jovovich, de 46 anos, criticou a ofensiva militar naa Ucrânia, o seu país de origem, por meio de publicação emocionada nas redes sociais. A atriz, que ficou conhecida mundialmente com o personagem Alice, no filme Resident Evil (2002), falou sobre a tristeza diante da situação na região.
“Estou com o coração partido. Tentando processar tudo o que aconteceu nesta semana em minha terra natal, a Ucrânia. Meu país e pessoas sendo bombardeadas. Amigos e familiares escondidos. Meu sangue e minhas raízes vêm da Rússia e da Ucrânia”, começou.