Na sessão ordinária do Conselho Universitário (Consuni), realizada nesta terça-feira (25), a pauta sobre o retorno presencial mobilizou a comunidade universitária. A sala virtual ficou lotada e a audiência no canal do Youtube chegou a cerca de 500 participantes ao vivo.
Antes do início do debate, a professora Sarah Dominique Dellabianca Araújo, da Faculdade de Medicina da Ufal, médica infectologista e atuante na linha de frente do combate à covid-19 no Hospital da Mulher, apresentou uma análise do cenário da pandemia e elementos para avaliar a viabilidade de retorno presencial das atividades.
Sarah destacou o problema das variantes do vírus Sars-cov 2, como a delta e a ômicron. “O mundo já esperava o surgimento de novas variantes, em virtude do atraso vacinal. No nosso caso, ainda tivemos o agravante do surto de Influenza, causando um cenário preocupante, e a demora das autoridades sanitárias do governo para deliberar que as duas vacinas poderiam ser aplicadas concomitantemente”, questionou a infectologista.
A professora ressaltou ainda que os riscos são altos. “Hoje o cenário não é favorável para ambientes que promovam aglomeração. A ômicron é muito mais transmissível. Temos que ponderar com cuidado sobre o retorno das aulas presenciais e vamos precisar garantir os cuidados para isso. A máscara de pano, por exemplo, não é segura para a variante ômicron. Vamos precisar usar a cirúrgica, com troca a cada 4 horas, ou ainda melhor a N95”, informou Sarah.
A vice-reitora, Eliane Cavalcante, que está à frente das testagens de covid-19 nos servidores que estão comparecendo aos setores, falou da preocupação com a retomada das aulas e a circulação dos estudantes. “Para vocês terem uma ideia, na Reitoria, numa bateria de testes, 70% dos resultados foram positivos. Queremos discutir uma perspectiva viável de retomada, mas com segurança. Mesmo que a mortalidade seja menor após a vacinação, é preciso ter cuidado”, ponderou Eliane.
Uma das falas mais comentadas no chat, foi a do professor João Araújo, diretor da Faculdade de Nutrição (Fanut), que integrou o grupo de trabalho Observatório da Covid-19. “Se o objetivo é evitar colapso no sistema de saúde, temos que considerar que hoje estamos com 80% de ocupação dos leitos destinados aos casos de crise respiratória aguda. Neste momento, seria uma irresponsabilidade voltar. Mas o modelo de ensino remoto é exaustivo para todos, professores e estudantes, e já estamos há três períodos letivos nessas condições”, refletiu o professor.
João Araújo defendeu um cuidadoso planejamento para o retorno das aulas presenciais no semestre letivo 2021.2, em março. “Teremos que contar com testagens periódicas e para isso precisaremos estabelecer parcerias com as secretarias de Saúde. Seria uma boa medida montar uma unidade de vacinação dentro da Ufal, que atendesse à comunidade universitária e ao entorno”, propõe o professor.
Após mais algumas falas ponderando todos os riscos e as probabilidades de retorno, a sessão ordinária foi suspensa. A continuidade deste debate está marcada para a próxima terça-feira, dia 1º de fevereiro, às 8h30, quando os conselheiros devem deliberar. “Estamos disponibilizando os documentos apresentados. No retorno desta sessão não faremos mais apresentações, precisaremos ser propositivos e tomar uma posição”, finalizou o reitor Josealdo Tonholo.