Em meio às mudanças no comando do IPREV, a Prefeitura de Maceió já está em alerta sobre a crise enfrentada pelo Banco Master. A instituição financeira é responsável por administrar R$ 97 milhões do fundo previdenciário do município. No mercado financeiro, o Banco Master é visto como uma instituição que enfrenta uma crise por pressão regulatória e a ausência de balanços financeiros.
O blog Com a Palavra encaminhou alguns questionamentos ao Instituto de Previdência de Maceió (IPREV) sobre os valores aplicados ao fundo após uma matéria veiculada pelo jornal Estadão alertar sobre a possibilidade da Prefeitura e mais outros 11 fundos de previdência sofrerem o risco de levar um calote do Banco Master, que mantém laços com a Reag Investimentos, uma gestora que está sendo investigada pela Receita Federal e do Ministério Público de São Paulo por suspeita de lavagem dinheiro para o PCC, por meio da Operação Carbono Oculto.
Por meio de uma nota, o IPREV informou que até o momento, o Banco Master não deixou de honrar o pagamento de suas Letras financeiras (títulos de renda fixa) ou de quaisquer outros compromissos financeiros com o município. “O investimento em Letras Financeiras, como as do Banco Master, é uma prática comum entre fundos de pensão e Regime Próprio de Previdência Social que buscam diversificação e rentabilidade para seus portfólios. No caso específico do RPPS de Maceió, foi investido o montante de R$ 97 milhões em ativos do Banco Master. A decisão de um RPPS de investir em tais papéis é precedida por uma análise rigorosa de risco e retorno, alinhada à política de investimentos do fundo e às necessidades de longo prazo dos segurados”, informou o IPREV.
Ainda de acordo com levantamento realizado pelo Estadão, a Prefeitura de Maceió faz parte de 12 fundos de pensão administrados pelo Banco Master. Os casos mais graves que carregam títulos da instituição financeira são o RioPrevidência, do governo do Rio de Janeiro, que investiu R$ 970 milhões. E o Amapá Previdência que tem entre seus conselheiros Alberto Alcolumbre, irmão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). No total, as instituições expostas ao Master podem acumular R$ 2,96 bilhões em risco.
O alerta foi ligado após o Banco Central barrar no início deste mês a proposta de compra de 58% do capital do Banco Master pelo BRB, operação avaliada em R$ 2 bilhões. O processo durou cinco meses e terminou com a ruptura imediata do contrato entre as partes. Na nota encaminhada ao portal ACTA, o IPREV também comentou sobre essa situação:
“Adicionalmente, é relevante notar que, mesmo após a decisão do Banco Central, o Banco de Brasília (BRB) estaria avaliando uma nova proposta para adquirir ativos do Banco Master. Essa informação, veiculada por diversas fontes de mercado, é um forte indicativo de que a negociação não está completamente encerrada e que o BRB, um banco estatal, ainda vê valor nos ativos do Master. O interesse contínuo do BRB sugere que a situação não é de colapso iminente, mas sim de reestruturação e busca por soluções viáveis. A persistência desse interesse pode, inclusive, abrir caminho para que, com as devidas reestruturações e garantias, a operação seja concretizada de forma benéfica para todas as partes envolvidas, incluindo os investidores como o RPPS de Maceió”.