30/07/2021 às 11h11
Derek Gustavo
Maceió / AL
Nesta quinta-feira (29) tivemos mais um lamentável episódio da cruzada do presidente Bolsonaro contra a democracia. Depois de alardear por um ano que mostraria provas de fraudes nas eleições e de meter um atestado para não fazer isso na semana passada, o que se viu na "live bomba" (segundo a Jovem Pan) foi um punhado de vídeos do zap, recortes de vídeos da Globo, teorias da conspiração e um especialista sem sobrenome. Além de um mascote tosco, que provavelmente foi feito com dinheiro público.
O próprio Bolsonaro disse que não tinha provas para mostrar ali naquele show que mobilizou toda a imprensa. Inclusive, a live foi acompanhada ao vivo por jornalistas, que foram impedidos de fazer perguntas.
O principal argumento era o de que há indícios (escola Dallagnol aqui: "não temos provas, mas temos convicções") de que é possível mudar a programação da urna. E como tentaram provar isso? Mostrando um vídeo antigo, tosco, de um adolescente que dizia conseguir mudar a programação da urna para mostrar as várias formas de fazer votos depositados para um candidato irem parar na contagem de outro.
Mas aqui vem o pulo do gato: o "especialista" estava fazendo isso no simulador de urna, que o TSE coloca no ar todo ano para as pessoas treinarem o voto pela internet, com candidatos falsos. O jovem estava mudando o código da página web e dizendo que era possível fazer isso na urna.
Agora, o outro pulo do gato: o autor desse vídeo já havia desmentido a história toda. Numa outra publicação, feita tempos depois, ele admitiu que não tinha acesso à urna eletrônica e que fez a "demonstração" numa plataforma web, aberta a qualquer um que queria usar. Você aí, leitor, também pode: abra qualquer site, aperte a tecla F12 do seu teclado e veja a mágica acontecer.
Esse foi só um exemplo bizarro e já desmentido que o presidente usou para justificar suas suspeitas. Tudo não passou de uma pessoa maluca que acredita em toda e qualquer coisa que chega pelo zap. Ah, lembra daqueles vídeos de 2018, de pessoas tentando votar 17 mas toda vez dava nulo, e elas diziam que não conseguiam votar em Bolsonaro? Que num olhar mais atento dava pra ver que esses eleitores apertavam 17 pra governador em estados que não tinham candidatos do PSL, que usa esse número. E ainda tinha gente de fora de SP tentando votar em Eduardo Bolsonaro, o que também anulava o voto. Tudo isso também passou.
O TSE foi desmentindo a live todinha em tempo real nas redes sociais. Alguns dos desmentidos já haviam sido feitos antes, porque as acusações eram velhas.
A live foi uma perda de tempo imensa. Constrangedora, para dizer o mínimo. Os eleitores do presidente (os 25% de aprovação) engoliram a história toda e agora estão gritando aos 4 ventos que há sim fraude e que temos que defender o país e bla bla bla.
Para quem acompanha política de perto, o recado que o presidente passou foi outro: o homem realmente está com medo de perder as eleições no ano que vem. E pior: pelas últimas pesquisas, o vitorioso é seu principal algoz, Lula. É medo que chama.
A opinião expressa nesse blog é pessoal, e não necessariamente reflete o pensamento do Acta
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