17/12/2024 às 08h02 - atualizada em 17/12/2024 às 16h38
Acta
MACEIO / AL
O influenciador digital e ex-policial militar Kleverton Pinheiro de Oliveira, conhecido como Kel Ferreti, foi denunciado pelo Ministério Público Estadual pelo crime de estupro contra uma enfermeira de 28 anos. Após o ocorrido, ele ainda tentou marcar um segundo encontro com a vítima, conforme revelado por mensagens trocadas entre os dois. "Vamos marcar de novo, amor. Dessa vez sexo sem tapas. Saudades dessa buceta mágica", escreveu ele. A mulher respondeu apenas com um "não".
Com base nas informações fornecidas pela vítima, a Polícia Civil solicitou à pousada onde o fato ocorreu as imagens das câmeras de videomonitoramento. No entanto, o estabelecimento informou que não possuía mais as gravações devido à troca do equipamento. A polícia também pediu a relação dos funcionários presentes no dia do ocorrido, mas a administração relatou ter apenas uma recepcionista diarista. Localizada pelos investigadores, a recepcionista afirmou não se lembrar da enfermeira.
Prisão durante operação Trapaça
Kel Ferreti foi preso no dia 4 de dezembro durante a operação Trapaça, sob suspeita de lavagem de dinheiro. A ação foi realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate à Sonegação Fiscal e Lavagem de Bens (GAESF), do Ministério Público. O influenciador segue detido no sistema prisional do estado.
Durante a operação, as autoridades apreenderam cerca de R$ 20 mil, celulares, documentos e um Porsche. Além disso, o Ministério Público solicitou o bloqueio de mais de R$ 21 milhões de contas bancárias que teriam sido usadas por laranjas para ocultação de bens, além de 10 veículos de luxo.
Posicionamento da defesa e do Ministério Público
Procurado, o Ministério Público informou que não pode se manifestar sobre a denúncia antes da sentença judicial. Em depoimento à polícia, Kel Ferreti afirmou que só prestará declarações em juízo.
Por meio de nota, a defesa de Ferreti, representada pela advogada Graciele Queiroz, negou as acusações. "Kel Ferreti não cometeu o crime que lhe foi imputado", declarou. A advogada ressaltou ainda que "não há qualquer fundamento para as acusações de abuso sexual contra Kel Ferreti" e garantiu que "todas as medidas legais estão sendo tomadas para provar sua inocência e restaurar a verdade".
A denúncia de estupro
A denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) narra que o influenciador digital e ex-policial militar Kleverton Pinheiro de Oliveira, conhecido como Kel Ferreti, abordou a vítima, uma enfermeira de 28 anos, em um grupo virtual. Logo após a entrada dela no grupo, ele entrou em contato no privado solicitando os dados bancários para realizar um Pix. Diferente dos R$ 50 que costumava enviar aos participantes, Ferreti transferiu R$ 100 para a vítima.
Nos dias seguintes, segundo o documento, o influenciador manteve contato com a mulher, destacando ser casado, pai de gêmeos e policial, sempre exibindo um estilo de vida de alto poder aquisitivo. A vítima, por estar em situação financeira delicada, prosseguiu com as conversas e solicitava pequenas quantias em dinheiro, como R$ 100, pedidos que geralmente eram atendidos por ele.
A denúncia aponta ainda que Ferreti chegou a questionar a vítima sobre o valor que ela cobraria para ficar com ele. A mulher respondeu que não era garota de programa. A peça ministerial relata que o influenciador sugeriu que a vítima precisaria "dar coisas em troca" para ter acesso a mais dinheiro. Nesse contexto, ele pediu fotos e vídeos íntimos, que acabaram sendo enviados pela mulher. Durante as conversas, Ferreti perguntou se ela gostava de "levar tapas durante o ato sexual", afirmando que ele tinha interesse na prática, mas sua esposa não gostava. A vítima, acreditando se tratar de "tapinhas leves", respondeu de forma descontraída, afirmando: "Assim vou sair de costela quebrada".
De acordo com o depoimento da vítima à polícia, embora as conversas tivessem conotação sexual e as palavras fossem usadas para agradar Ferreti, ela jamais imaginou que sofreria tamanha violência no encontro. O influenciador teria dito que "não aguentava mais a esposa" e que estava "precisando de algo fora", o que fez com que a vítima aceitasse marcar o encontro.
Detalhes do crime
O encontro ocorreu em 16 de junho deste ano, em uma pousada no bairro Cruz das Almas. Segundo o relato da enfermeira, descrito pelo Ministério Público, o crime aconteceu de forma agressiva. Kel Ferreti começou beijando a vítima com mordidas violentas, chegando a forçar a penetração sem que ela estivesse lubrificada, o que a machucou. Em seguida, enquanto estava sentado na cama com a vítima "montada" em suas pernas, ele deu socos nas costelas e no quadril dela, além de tapas fortes no rosto. Um dos golpes, dado com a mão fechada, atingiu de raspão o lado esquerdo do rosto da vítima, que ficou inchado.
Ainda segundo o documento, em determinado momento, a vítima foi colocada de costas, e Ferreti levantou suas pernas, penetrando-a com brutalidade e usando força excessiva, o que a fez sentir dor. Apesar de se contorcer e tentar se afastar, a vítima permaneceu em choque, temendo que ele a matasse, sem conseguir verbalizar um pedido de parada.
O Ministério Público também destaca que o denunciado não usou preservativo e chegou a morder os seios da vítima com tanta força que ela reclamou de dor. Em resposta, Ferreti teria dito que "iria arrancar os peitos" dela e continuou mordendo ainda mais agressivamente. A denúncia cita que, durante as agressões, a vítima ouviu do influenciador: "Mas você gosta de apanhar".
Após o ato, Ferreti vestiu as roupas e se despediu, sugerindo que a mulher ingerisse cerveja e perguntando, em terceira pessoa, se ela tinha gostado "do Kell Ferreti".
Busca por ajuda
Nos dias seguintes, a vítima registrou um Boletim de Ocorrência na Delegacia Virtual e relatou a situação para dois colegas, sendo orientada por um deles a procurar ajuda na Sala Lilás. Cinco dias após o fato, ela foi atendida no Hospital da Mulher. A denúncia acrescenta que a vítima enviou fotos para Ferreti mostrando as marcas das agressões, ao que ele teria respondido com desdém: "Põe gelo no local" e "Sou policial, já bati muito em bandido, sei a força que uso".
O Ministério Público concluiu que a atitude de Ferreti demonstra desprezo pelo sofrimento da vítima, reforçando as evidências do crime.
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