O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), disse que o governo vai criar um grupo de trabalho para estudar eventual retaliação à tarifa de 50% às exportações do Brasil para os Estados Unidos anunciadas por Donald Trump na quarta-feira (9).
“Vamos criar um grupo de trabalho”, afirmou o ministro.
Segundo Costa, esse grupo também vai ficar responsável por estudar novos mercados – uma forma de compensar ao menos parte das perdas da tarifa, se ela for mantida. Os canais diplomáticos também continuarão abertos e o governo brasileiro vai negociar até o dia 1º de agosto.
A nova taxação foi formalizada por Trump em uma carta pública enviada ao presidente Lula (PT). No documento, o presidente norte-americano afirma que a tarifa será aplicada sobre “todas e quaisquer exportações brasileiras enviadas para os EUA”, independentemente de tarifas setoriais já existentes. Produtos como aço e alumínio, por exemplo, já enfrentam barreiras semelhantes, impactando a indústria siderúrgica brasileira
Justificativas de Trump
Trump alegou que a decisão foi motivada por supostos ataques do Brasil à liberdade de expressão e às empresas de tecnologia americanas. Ele se referiu, especificamente, a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), que segundo ele teriam emitido ordens de censura a plataformas de mídia social dos EUA – alegações feitas sem apresentação de provas.
Além disso, o republicano classificou como “vergonha internacional” o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no STF, chamando o processo de uma “caça às bruxas”. Também afirmou que a relação comercial com o Brasil é “injusta” e instruiu o Representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, a iniciar uma investigação formal com base na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974 – dispositivo usado para apurar práticas comerciais desleais por governos estrangeiros.
Resposta do Brasil
Em reação, Lula declarou que o Brasil “não aceitará ser tutelado por ninguém” e defendeu a soberania nacional. O presidente reiterou que o julgamento dos envolvidos na tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023 é de competência exclusiva da Justiça brasileira.
O Itamaraty, por sua vez, devolveu a carta à embaixada dos EUA, em um gesto simbólico de protesto. Segundo fontes ouvidas pelo blog da Julia Duailibi, a embaixadora Maria Luisa Escorel considerou o teor do documento “ofensivo” e “inaceitável”
Fonte: G1