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Alagoano executado por PMs sonhava ser jogador de futebol e se mudou para SP após perder a mãe

Natural de Craíbas, Jeferson de Souza foi morto com tiros de fuzil em 13 de junho no Centro de São Paulo. Policiais viraram réus por homicídio qualificado.

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Com o sonho de ser jogador de futebol e enfrentando uma batalha contra o vício, Jeferson de Souza foi executado aos 24 anos com tiros de fuzil por policiais militares no Centro de São Paulo. Os PMs se tornaram réus por homicídio qualificado e, desde o mês passado, estão presos preventivamente.

O caso aconteceu em 13 de junho, porém as imagens chocantes do jovem, que vivia em situação de rua, chorando e rendido antes de ser morto foram divulgadas na terça-feira pela TV Globo (5).

Jeferson saiu de Craíbas, município com cerca de 24 mil habitantes, no interior de Alagoas, em 2019, logo após a morte da mãe. A irmã da vítima, Micaele Soares, contou ao g1 que o irmão deixou a família em busca de oportunidades de emprego e uma vida melhor em São Paulo.

“A minha mãe faleceu. A gente não tem mãe nem pai. Ele foi embora em busca de trabalho. Ele tinha um sonho muito grande de ser jogador de futebol. Foi em busca de melhora”, compartilhou Micaele emocionada.

Filho único homem entre cinco irmãos, Jeferson teve a vida atravessada por duas dores: a morte da mãe por câncer e o assassinato do pai. “Mexeu muito [com ele], e se a gente não tiver psicológico, a gente adoece, vira a cabeça”, desabafou Micaele.

Em São Paulo, Jeferson conseguiu empregos em pizzarias. No entanto, acabou entrando no mundo das drogas e, com o tempo, foi parar em situação de rua. “A gente tentou ajudar, mas quem está no vício sabe como é difícil para sair e tudo. E quando [a gente] menos espera, acontece essa tragédia.”

A notícia da morte de Jeferson chegou para a família através de uma ligação da polícia.

“Quem tava ali para proteger, foi lá e tirou a vida dele. Nada justifica tirar a vida de um ser humano. Por que não prendeu se ele devia alguma coisa para a Justiça? Foi por ‘malvadeza’ mesmo que eles fizeram”, disse Micaele Soares, irmã da vítima.

Desde então, a família luta para trazer o corpo de Jeferson — que está no Instituto Médico Legal — de volta para Alagoas, mas esbarra nas dificuldades financeiras. O valor do translado é de cerca de R$ 15 mil, por isso a família espera conseguir ajuda da Defensoria Pública de São Paulo.

Micaele lembra do irmão como uma pessoa generosa e prestativa. “Ele era muito bom, doce e sempre ajudava o próximo. Você mandava fazer uma coisa, e ele fazia.”

Dois meses após a morte, Micaele ainda lida com o trauma. “Desde que eu vi essas imagens, a cena está todinha na minha cabeça, não estou conseguindo dormir nem comer. É uma dor que não tem explicação. Que para sempre vai ficar marcado na minha vida, da forma que ele morreu, tão cruel”.

Homicídio

As imagens de câmeras corporais, obtidas com exclusividade pela TV Globo, mostram que policiais militares mentiram ao justificar a execução de Jeferson de Souza durante uma abordagem em São Paulo.

Os PMs Alan Wallace dos Santos Moreira, tenente da Força Tática, e o soldado Danilo Gehring se tornaram réus por homicídio qualificado. Desde o mês passado, eles estão presos preventivamente.

No dia do crime, os policiais alegaram que a vítima tinha reagido a uma abordagem da equipe policial e havia tentado retirar a arma de um dos agentes antes de ser baleado. Contudo, as imagens revelam que os policiais mentiram.

Pelas imagens, Jeferson estava desarmado, acuado, e foi morto com três tiros de fuzil sem apresentar qualquer ameaça.

A defesa do sargento Alan disse que “a ação policial decorreu de legítima defesa e que demonstrará isso ao tribunal do júri”. A defesa do soldado Danilo não foi localizada.

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou que repudia a conduta dos PMs e que um inquérito policial está em andamento na Corregedoria da PM.

‘Inaceitável’ e ‘vergonhosa’

Em julho, o porta-voz da Polícia Militar de São Paulo classificou como “inaceitável” e “vergonhosa” a conduta dos policiais.

Segundo o coronel Emerson Massera, chefe do Centro de Comunicação Social da PM, as imagens desmentem a versão dos policiais e mostram que a vítima já estava rendida.

“O vídeo [das câmeras corporais] contraria completamente a versão apresentada pelos policiais. Ele [a vítima] estava tranquilo, conversando com os policiais e, do nada, o tenente efetua três disparos de fuzil contra essa pessoa”, afirmou.

Para ele, o episódio “envergonha” a corporação. “É uma ocorrência sem nenhum tipo de respaldo jurídico. Evidentemente, nos envergonha muito. Viola todos os valores da instituição, inclusive da legalidade”.

Fonte: g1

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