Uma adolescente de 16 anos descobriu que uma publicação sua no TikTok foi alvo de criminosos que compartilham pornografia infantil após a divulgação do vídeo do youtuber Felca sobre “Adultização”.
A jovem, que vive no estado de São Paulo, tinha publicado um vídeo, no início do ano, dançando uma coreografia e se surpreendeu quando o conteúdo viralizou na plataforma nos últimos dias.
Nos comentários, diversas pessoas passaram a marcar a conta do youtuber Felca e a alertar a adolescente para a presença de pedófilos na publicação.
“Felca, corre aqui”, disse um usuário. “Meu Deus, depois de ver o vídeo do Felca vi os comentários”, contou outra pessoa. “Agora entende: 400 pessoas salvaram esse vídeo como favorito, um vídeo de uma criança dançando. Por que será?”, disse outro perfil.
Sem entender o que estava acontecendo, a adolescente interagiu nos próprios comentários e perguntou sobre o que as pessoas estavam falando. Os usuários sugeriram, então, que ela buscasse pelo vídeo “Adultização”. Depois disso, a jovem voltou a comentar a publicação e disse que havia excluído as interações que remetiam à pedofilia.
“Gente, excluí todos os comentários. Não tinha visto que tinha esses tipos de comentários porque é um vídeo do começo do ano”, contou a adolescente na própria postagem.
O Metrópoles conversou com a jovem e a mãe dela por telefone. “Eu até achei, por um momento, que eu tinha aparecido no vídeo do Felca, porque tava todo mundo falando dele”, contou a estudante.
Ela explicou que só tinha assistido alguns cortes do conteúdo produzido pelo youtuber e decidiu ver o conteúdo completo para entender o que estava acontecendo. Foi quando percebeu semelhanças entre os casos denunciados por Felca e alguns dos comentários da sua publicação.
“Eu vi que tinham alguns comentários iguais aos do vídeo [do Felca]. E, logo em seguida, vi uma menina falando para eu apagar aqueles comentários para não aparecerem mais pessoas ali que fazem esse tipo de coisa”.
A adolescente contou ao Metrópoles que parte dos comentários continha a palavra “trade”, usada por criminosos para indicar a troca de conteúdo de pornografia infantil. Outros usavam imagens que indicavam interesse em pornografia infantil, e que ela não conhecia até aquele momento.
Mesmo após a limpeza feita pela estudante, a reportagem ainda encontrou um comentário ativo, que não tinha sido identificado por ela porque continha apenas um gif com o ícone de compartilhamento. Ao entrar no perfil do responsável pela conta, no entanto, havia um link para um grupo de Telegram com pornografia infantil.
Além de apagar os comentários, a adolescente também bloqueou os perfis. A mãe da jovem desabafou sobre a dificuldade de fiscalizar o que acontece nas redes sociais todo o tempo.
“É bem complicado. Como eu trabalho bastante, eu não consigo acompanhar tudo, é muita coisa”, contou. Depois de falar com a reportagem do Metrópoles, a família decidiu apagar o vídeo citado.
Em nota, o TikTok disse que mantém “uma política de tolerância zero para conteúdo de abuso e exploração sexual infantil”.
“Assim que uma violação grave é identificada, o conteúdo é imediatamente removido, as contas banidas e os casos, quando cabível, reportados às autoridades responsáveis. Além das publicações, moderamos ativamente comentários que possam violar nossas diretrizes, garantindo interações respeitosas e protegendo a todos, especialmente jovens usuários”, afirma a nota da empresa.
Segundo o TikTok, a empresa atua de forma proativa para identificar e remover conteúdos e contas que infringem nossas Diretrizes da Comunidade.
“Nosso esforço de moderação é contínuo. O mais recente relatório de moderação, do primeiro trimestre de 2025, aponta que 99% dos vídeos violativos foram removidos de forma proativa, com 94,3% deles retirados do ar em menos de 24 horas”, termina a nota.
Fonte: Metrópoles