O lema do Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora (SFA) é “A tempestade passa e a vida continua”. Na modalidade de acolhimento, o núcleo familiar recebe e cuida de forma temporária, em casa, de uma criança ou adolescente no momento em que ela mais precisa, na hora da tempestade, que com amor e cuidado vai passar.
“O Serviço de Família Acolhedora acolhe crianças e adolescentes sob medida protetiva em um lar temporário. A ideia é que ela passe um tempo sendo cuidada enquanto a tempestade passa e possamos refazer a função protetiva de sua família de origem”, explica a coordenadora do serviço em Maceió, Lidiane Guedes.
Na última sexta-feira (22), um menino de 7 anos e uma menina de 4 anos, que são irmãos, começaram a receber esse cuidado, amor e atenção da primeira Família Acolhedora de Maceió. Naquele dia, os dois estavam bem arrumadinhos, aguardando o titio e a titia para levá-los para o novo lar onde estão morando.
A coordenadora da unidade de acolhimento institucional Rubens Colaço, Ana Paula Honorato, conversou um pouquinho com eles contando que aquele era o grande dia. Foi um momento de muita emoção entre os irmãos e as crianças do abrigo e também da equipe. “Hoje, vocês vão se encontrar com o titio e a titia para passar uma temporada com eles. Sejam obedientes. Vocês vão ser muito felizes nessa nova família. Vamos sentir muitas saudades”, diz emocionada.
As crianças ficaram bastante felizes com a notícia. “Eles gostaram muito de saber que vão ter uma família para cuidar deles até poderem voltar para sua família de origem ou para uma família adotiva. Eles gostaram muito do titio e da titia. Falaram que na casa até tem animal para eles brincarem”, ressalta Ana Paula.
Antes de ir para a Família Acolhedora, tem todo um processo de adaptação entre as crianças, a equipe do serviço e a família habilitada. “A transição, o processo de desacolhimento da modalidade de acolhimento institucional para a modalidade de acolhimento familiar, tem sido um processo paulatino, cuidadoso, garantindo uma transição segura”, destaca o psicólogo do SFA, Lucas Rocha.
O profissional completa: “Nós da equipe do SFA fizemos antes um trabalho com as crianças numa linguagem lúdica e compreensiva para que elas entendam que é um acolhimento temporário e provisório, não definitivo, e que existe a possibilidade de retorno e reintegração familiar. Também tivemos um momento com a família e depois o momento de encontro e adaptação da família com as crianças. Tudo feito de maneira calma, segura, compreensível para as crianças e dentro de todo o trâmite da justiça”.
O titio e a titia contaram como foi que surgiu o desejo de se tornar uma família acolhedora. “A gente, quando mais jovem, já era voluntário aqui no abrigo, e já gostávamos dessa ideia de estar junto das crianças que atravessavam questões tão delicadas. Mas recentemente, a gente já pensava em fazer algo um pouco mais próximo, talvez como apadrinhamento. Nós não conhecíamos o Família Acolhedora. E aí, a gente viu no site da prefeitura a proposta e nos candidatamos. A partir daí, fomos entendendo o serviço à medida que foi acontecendo”, relata um dos integrantes da família acolhedora.
O casal também falou da expectativa deles com a nova família temporária. “A gente conversou e eles estão bem felizes. Estamos muito felizes também. Estávamos ansiosos para vir aqui buscá-los. Só esperando sair a autorização da justiça. Fomos muito bem amparados pela equipe do Família Acolhedora, que teve muito cuidado nesse processo. Agora queremos muito cuidar e aprender com eles também”, frisa outro membro da família acolhedora.
O menino de 7 anos comenta que está muito contente com a família. “O tio e a tia são muito legais. A gente já brincou e passeou juntos. E na casa nova tem, cachorrinhos pra gente brincar. A gente gostou muito de ir à praia com eles. Eu e minha irmã estamos bem felizes”, conta.

A Secretaria de Desenvolvimento Social, Primeira Infância e Segurança Alimentar de Maceió (Semdes) é a responsável pelo serviço de acolhimento. Os técnicos estão muito felizes em fazer parte desse momento histórico para o município e tão esperado, desde a implantação do serviço em novembro de 2024.
“Fazer um serviço novo acontecer é algo muito desafiador. E o Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora traz para a equipe uma perspectiva muito diferente de fazer política pública, porque, na verdade, ele fala muito de sentimentos, de cuidado, e de um cuidado que a gente não está acostumado a ver. É um cuidado transitório, mas com todo afeto. É compreender que o amor pode ser dado sem ser para mim, sem ser para os meus. E transformar isso numa política pública, de ofertar amor para aquele que precisa, é grandioso demais”, revela a coordenadora do Família Acolhedora.
Lidiane completa o destacar o sentimento dos profissionais da Semdes envolvidos no Família Acolhedora.
“A equipe está muito feliz, muito emocionada com tudo que está acontecendo, porque nós estamos vendo de perto a felicidade dessas crianças, o compromisso social dessa família e a alegria que essas crianças estão trazendo para eles também. Ver esse sorriso no rosto das crianças e fazer com que elas entendam também que isso é provisório, mas que vai ressignificar a vida delas é algo muito reconfortante”, disse a coordenadora do SFA.
Para o secretário municipal de Desenvolvimento Social, Fernando Davino, é uma alegria ter a primeira família acolhedora. “Estamos muito felizes realizando o primeiro acolhimento familiar em Maceió do Serviço Família Acolhedora. Ficamos muito contentes que essas crianças estarão num lar temporário com uma família preparada, cheia de amor e carinho para dar para eles”, afirma.
A juíza do Tribunal de Justiça de Alagoas, Fátima Pirauá, da 28ª Vara Cível da Capital, determinou a guarda provisória, por três meses, com determinação de reavaliação a cada três meses, conforme determinação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Fonte: Secom Maceió