Justiça de SP suspende aborto legal após remoção de camisinha sem acordo

Decisão do Desembargador Borelli Thomaz, da 13ª Câmara de Direito Público, afirma que não há base legal para equiparar "stealthing" a estupro.

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Grávida. FOTO: reprodução

O TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo) determinou a suspensão do aborto legal realizado em caso de gravidez após remoção do preservativo sem consentimento. A decisão é assinada pelo desembargador Borelli Thomaz, da 13ª Câmara de Direito Público, e cabe recurso.

Em março, a Bancada Feminina do PSOL moveu uma ação popular contra hospitais de São Paulo que se recusavam a realizar o procedimento nessa situação, conhecida como “stealthing”.

A liminar da 1ª instância, assinada pela juíza Luiza Barros Rozas Verotti, em março, determinava que os hospitais autorizados eram obrigados a fazer o aborto legal em casos stealthing.

A magistrada concluiu que é dever do Estado prestar assistência integral à mulher em situação de gravidez decorrente de violência sexual, por meio de um atendimento emergencial, integral e multidisciplinar em todos os hospitais integrantes da rede do Sistema Único de Saúde (SUS). O Centro de Referência da Saúde da Mulher, do governo estadual, realizava a terminação da gravidez de forma legal nesses casos.

O ato de retirar o preservativo sem autorização é considerado um crime pelo artigo 215 do Código Penal desde 2009, a pena é de 2 a 6 anos. “Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima”.

Na decisão de segunda-feira (20), o desembargador afirmou que não há base legal que equipare “stealthing” a estupro para determinação de aborto legal. Ainda de acordo com Borelli Thomaz, uma ação popular não deve ser utilizada para obrigar o poder público a cumprir esse tipo de decisão, uma vez que essa modalidade de ação é para combater atos lesivos ao patrimônio público. Thomaz ainda acrescentou que o Governo Federal deve integrar o processo, para seguir normas nacionais sobre aborto legal.

Em nota, a Bancada Feminista do PSOL afirmou que vai recorrer da decisão. “Recebemos com indignação a suspensão da liminar que autorizava o aborto legal em casos de stealthing, prática criminosa em que o preservativo é retirado sem consentimento durante o ato sexual. Cabe recurso por uma questão de mérito na decisão e vamos recorrer para que o serviço seja retomado o quanto antes”, diz o comunicado.

A CNN procurou a PGE (Procuradoria Geral do Estado de São Paulo) e aguarda retorno.

Fonte: CNN Brasil