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62% das vítimas de violência sexual atendidas no Hospital de Emergência do Agreste foram abusadas em casa

O estudo reúne os dados dos anos de 2023, 2024 e do primeiro semestre deste ano e foi produzido pela Área Lilás e Serviço de Epidemiologia.

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O Serviço de Epidemiologia Hospitalar e a Área Lilás do Hospital de Emergência do Agreste (HEA), em Arapiraca, divulgou o Informe Epidemiológico referente aos anos de 2023, 2024 e ao primeiro semestre de 2025. O documento reúne informações sobre casos de violência notificadas no período e revela que 62% dos casos de violência sexual tiveram o ambiente residencial como local de ocorrência, 15% foram em via pública e 23% em outros locais.

As notificações revelam que 88% das vítimas tinham menos de 19 anos, com maior concentração na faixa etária de 10 a 19 anos (51%) e, em seguida, de 1 a 9 anos (35%). Os dados reforçam a vulnerabilidade de crianças e adolescentes.

Do total de vítimas, 845 eram do sexo feminino (88%) e 118 do sexo masculino (12%). Quanto à escolaridade, 46% tinham ensino fundamental incompleto, e 24% estavam em idade que não se aplicava ao critério, confirmando a prevalência entre faixa etária menores.

Na análise por raça/cor, 81% se autodeclararam pardas, 11% brancas, 6% pretas, amarelas ou indígenas e 2% não informaram. Entre os autores das agressões, 80% eram conhecidos das vítimas, sendo os amigos e conhecidos 25,6%, os pais e padrastos 18,7%, companheiros e ex-companheiros 12%, seguidos por pessoas com outros vínculos familiares e de proximidade.

No recorte por municípios, 243 casos ocorreram em Arapiraca, o que corresponde a 25% e representa o maior número de casos. Na sequência vem Limoeiro de Anadia, com 63 casos; Palmeira dos Índios, com 52 ocorrências; e Junqueiro, com 44 casos. O HEA também atendeu vítimas de 60 municípios de Alagoas e de três estados: Sergipe, Rio de Janeiro e Paraná.

Em termos gerais, entre 2023 e junho de 2025, o HEA assistiu 963 vítimas de violência sexual, sendo 332 em 2023, 456 em 2024 e 175 no primeiro semestre de 2025. O comparativo mostra crescimento de 38% entre 2023 e 2024, seguido de queda de 23% no primeiro semestre de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior.

Violência contra a mulher

Além dos casos de violência sexual, o informe aponta 1.023 notificações de outras violências contra mulheres entre janeiro de 2023 e junho de 2025. Entre as outras modalidades, estão as agressões físicas, domésticas, psicológicas, morais e ameaças, com média de 34 casos por mês.

As mulheres vítimas tinham, em sua maioria, entre 20 e 39 anos (58%), seguidas por mulheres de 40 a 59 anos (21%) e adolescentes de 10 a 19 anos (15%). Quanto à escolaridade, 42% tinham apenas o ensino fundamental incompleto ou completo, e 27% o ensino médio. A predominância racial também se manteve, uma vez que 78% das vítimas se autodeclararam pardas e, junto às mulheres negras, somaram 80% dos casos. O principal local de ocorrência foi novamente a residência, com 361 casos (35%).

Em relação aos agressores, os cônjuges foram identificados em 107 registros (10,5%). Entretanto, em 70% das notificações não houve identificação do autor, devido ao silêncio da vítima ou ausência de registro no Prontuário Médico.

Entre as vítimas assistidas no HEA, Arapiraca aparece como o município com maior número de notificações de violência contra a mulher, com 410 casos, o que corresponde a 40% das ocorrências. Na sequência aparecem São Sebastião (46 casos), Craíbas (41 casos), Campo Alegre e Palmeira dos Índios (38 casos cada).

Também foram registrados casos em outros 64 municípios, incluindo localidades de outros estados. Entre eles estão o Ceará, Pernambuco, Sergipe, Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro, conforme o informe epidemiológico produzido pelo Serviço de Epidemiologia Hospitalar e a Área Lilás da maior unidade hospitalar pública do interior de Alagoas.

Subnotificação e enfrentamento

O boletim do HEA mostra que os números são subestimados, já que muitas vítimas não denunciam por medo, vergonha ou vínculo com o agressor. A subnotificação evidencia a dimensão oculta da violência e a necessidade de ações integradas para prevenção, identificação precoce e acolhimento.

A coordenadora do Serviço de Epidemiologia Hospitalar do HEA, assistente social Ana Lúcia Alves, destacou que os dados sistematizados pela unidade hospitalar devem servir como ponto de partida para ações nos municípios. “Essas informações mostram onde a violência mais acontece e servem para orientar políticas públicas locais, com a participação de entidades governamentais e não governamentais, para que possam atuar de forma preventiva e articulada”, afirmou.

A psicóloga Yanna Albuquerque, coordenadora da Área Lilás do HEA, salientou sobre a importância da união de esforços para enfrentar o problema. “O HEA acolhe as vítimas e organiza as estatísticas, para, na sociedade, mudarmos a situação. Para isso, é essencial conscientizar os homens, encorajar as mulheres a denunciar e fortalecer os serviços nos municípios, em parceria com organizações da sociedade”, disse.

Denúncia

A coordenadora da Área Lilás do HEA enfatizou que as vítimas de violência devem denunciar seus agressores por meio do Disque 100, ao Conselho Tutelar ou à Delegacia de Polícia mais próxima. Também é possível fazer a denúncia por meio do telefone 190 da Polícia Militar de Alagoas (PM/AL).

A diretora-geral do HEA, Bárbara Albuquerque, ressaltou o papel estratégico do levantamento de dados realizado pela instituição. “Os números não são apenas estatísticas, são retratos de vidas atingidas. Quando conseguimos, como sociedade, enxergar onde e como a violência acontece, temos a chance de agir de forma direta para mudar essa realidade”, concluiu.

Fonte: Agência Alagoas

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