03/02/2025 às 16h35 - atualizada em 03/02/2025 às 19h35
Acta
MACEIO / AL
A Justiça decretou prisão preventiva de 13 dos homens presos em flagrante após atos de violência extrema no sábado (1º), dia do clássico entre Santa Cruz e Sport. A delegada-geral adjunta da Polícia Civil, Beatriz Leite, disse que 32 pessoas foram conduzidas à delegacia do dia da confusão.
Ao menos 13 pessoas ficaram feridas após as brigas e foram atendidas no Hospital da Restauração, no Centro do Recife . Na manhã desta segunda-feira (3), somente uma delas seguia internada, com quadro de saúde estável.
Entre os homens que tiveram prisão preventiva decretada, estão o presidente da organizada do Sport, e um integrante da torcida envolvido no ataque ao ônibus do Fortaleza, que deixou seis jogadores feridos, em fevereiro do ano passado.
As prisões preventivas foram decretadas depois que eles passaram por audiência de custódia, embora eles estivessem internados, sob custódia da Polícia Militar.
De acordo com Beatriz Leite, os torcedores envolvidos, incluindo os que ficaram feridos durante os confrontos, estão sendo investigados por delitos como associação criminosa, dano ao patrimônio e lesão corporal.
"Eles, além de vítimas, também são agressores. Nós precisamos entender que essas pessoas saíram de suas casas com a intenção de provocar esse tumulto, de gerar os atos de barbárie que nós vimos no último sábado", afirmou a delegada.
Nas redes sociais, circularam vídeos do presidente da organizada do Sport sendo agredido. Ele teve as roupas arrancadas e foi violentado sexualmente com uma barra de ferro no meio da rua. Vídeos que circularam durante todo o dia nas redes sociais mostravam um cenário de guerra na cidade. A população ficou com medo de sair de casa.
Ainda segundo a delegada, dos 13 flagrantes que foram convertidos em prisão preventiva, seis foram realizados no Recife e os outras sete, na Região Metropolitana, sendo quatro em Paulista e outros três no Cabo de Santo Agostinho. Com os presos, foram apreendidos materiais como barrotes de madeiras, canos de ferro, arames farpados e outros instrumentos.
"Vamos dar continuidade a todas essas investigações. Os inquéritos que já foram instaurados serão concluídos, e novos [inquéritos] poderão ser instaurados. Pessoas que tiverem aparecido em imagens, sejam de que time for, serão identificadas, qualificadas, indiciadas e apresentadas à Justiça", declarou.
Um relatório da Polícia Civil, ao qual o g1 teve acesso, mostra que a corporação sabia, antes do clássico, que as torcidas organizadas planejavam entrar em conflito no dia do jogo. Um dos trechos do documento informa que os membros das torcidas estavam confeccionando armas caseiras e marcando “pistas” — como são chamados os pontos para brigas de rua entre os integrantes.
Segundo a delegada Beatriz Leite, o relatório foi levado em consideração, e isso fez com que o problema não fosse ainda maior.
"Já tínhamos as informações dos lugares onde provavelmente poderia haver esses encontros, como terminais de ônibus e grandes avenidas. A Polícia Militar, logo pela manhã, já foi abordando esses ônibus com esses torcedores e essas pessoas já foram impedidas de se juntar a essa multidão e praticar outros crimes", informou a delegada.
"Conivência" e "aproximação"
Após os atos de violência, o governo de Pernambuco anunciou, na noite do sábado (1º), a proibição da presença de torcedores em cinco jogos do Santa Cruz e do Sport.
De acordo com o coordenador do Núcleo do Torcedor do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Antônio Arroxelas, a decisão atende a uma recomendação do órgão ministerial e busca combater a "aproximação" entre os clubes e os grupos de torcedores que praticam violência.
Segundo ele, há tolerância às torcidas organizadas por parte dos clubes e da Federação Pernambucana de Futebol (FPF). A proibição foi criticada pela diretoria do Sport, que anunciou que vai recorrer da determinação à Justiça.
"Muitos perguntam e dizem, com razão, que a violência ocorre fora dos estádios, distante dos estádios. Porém, essas mesmas torcidas que estão nas ruas, que se aglomeram da forma assustadora como ocorreu no sábado, são também torcidas que frequentam os ambientes dos clubes. [...] Então, há, sim, uma aproximação, há, sim, uma tolerância que, de forma inversa, o Ministério Público chegou ao ponto de não mais tolerar, e não será mais possível tolerar, por parte do Ministério Público, essa aproximação das torcidas perigosas com as atividades sadias, lúdicas, dos clubes", declarou o promotor.
Segundo o promotor, a medida anunciada pela governadora Raquel Lyra (PSDB), fundamentada na recomendação do MPPE, busca pressionar os clubes e a Federação Pernambucana de Futebol (FPF) a elaborar um "plano eficiente" para coibir a violência praticada por integrantes das organizadas.
"A portaria da governadora, ela, sim, tem poder de polícia, e a portaria tem, sim, a força de determinar. E está em vigor, está valendo. Nossa recomendação foi num sentido muito parecido [...], de não público até a apresentação por parte da federação e dos clubes de um plano eficiente no sentido de não participação de torcidas organizadas, não das torcidas de cultura de paz, mas dessas três torcidas envolvidas em crimes", afirmou Arroxelas.
Ainda de acordo com o promotor, há "dezenas" de torcidas organizadas que não estimulam a violência, nem participam de confrontos, e o objetivo é coibir as atividades dos três maiores grupos ligados aos times do Sport, Náutico e Santa Cruz.
"O grande problema é que as três, a torcida Jovem do Leão, que é a mesma Torcida Jovem; a Explosão Inferno Coral, que é a mesma Inferno Coral; e o Náutico Até Morrer, que é a mesma Fanáutico; — elas mudaram o nome de forma malandra, não tenho medo de dizer isso — têm um número maior de participantes do que as dezenas de torcidas de bem. [...] Posso afirmar com muita tranquilidade que são bandidos, são criminosos [...] O que nós vimos na televisão é não só um ato de barbárie como de frieza em relação ao ser humano", declarou o promotor.
Sobre o assunto, o g1 procurou as assessorias de imprensa do Sport, do Santa Cruz, do Náutico, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
Proibição de torcidas
Como resposta à onda de violência causada pelas brigas entre as torcidas organizadas, o governo de Pernambuco anunciou, na noite do sábado (1º), a proibição da presença de torcedores em cinco jogos do Santa Cruz e do Sport. A medida foi publicada, no mesmo dia, em uma edição extra do Diário Oficial.
O documento determina que as próximas cinco partidas do Santa Cruz e do Sport, organizadas pela Federação Pernambucana de Futebol (FPF) e pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no estado, sejam realizadas com “portões fechados”, sem torcida.
Além disso, o Ministério Público de Pernambuco recomendou que os clubes realizem o cadastramento biométrico de seus torcedores.
Após a medida, o Sport suspendeu a venda de ingressos para o jogo da próxima terça-feira (4), contra o Fortaleza, pela Copa do Nordeste, e anunciou que vai recorrer à Justiça da punição imposta pelo governo de Pernambuco. O clube também criticou a proibição da torcida em cinco partidas por conta dos conflitos.
Resposta
A Federação Pernambucana de Futebol emitiu uma nota assinada por dirigentes dos dez clubes que participam da primeira divisão do Campeonato Pernambucano. No documento, o órgão discorda da proibição de torcida nos jogos do Sport e do Santa Cruz, medida a que chama de "desproporcional" e que "penaliza injustamente milhares de torcedores e toda a cadeia de trabalhadores que dependem do futebol".
A FPF também diz que os clubes "nada têm a ver com os episódios de violência ocorridos no último sábado. "A decisão do estado de impedir a presença de torcedores não ataca o verdadeiro problema, mas apenas o mascara. A solução definitiva passa pela atuação firme e eficaz do poder público no combate aos criminosos travestidos de torcedores".
Por fim, a federação também diz que a governadora Raquel Lyra "foi induzida a erro" e requer que a decisão "seja revista e que as medidas de segurança sejam voltadas ao enfrentamento direto aos criminosos, assegurando a presença dos verdadeiros torcedores nos estádios e a continuidade saudável do nosso futebol".
FONTE: g1
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