25/12/2024 às 18h48 - atualizada em 25/12/2024 às 19h05
Derek Gustavo
Maceió / AL
Uma mãe denuniciou a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Benedito Bentes, em Maceió, por negligência. Em vídeo publicado nas redes sociais, Kettly Ferreira conta que a filha dela, Aurora, de apenas 1 anos e 2 meses de idade, morreu naquela unidade de saúde por negligência médica.
A reportagem do Acta entrou em contato com a assessoria do Instituto Saúde e Cidadania (ISAC), responsável pela administração da UPA do Benedito Bentes, e aguarda retorno.
No relato, a mãe conta que a filha passou mal na madrugada da última segunda-feira (23), com a respiração alterada. Após observar a criança em casa durante toda a madrugada, ela a levou para a UPA na manhã da terça (24).
A menina foi internada por volta das 7h da manhã, com falta de ar, respiração alterada e vômitos.
"Ela chegou 'roxinha' por falta de oxigênio, ela estava tentando puxar ar, e a médica não solicitou uma chapa do pulmão da minha filha, ela não auscultou o pulmão da minha filha com estetoscópio, ela não fez o mínimo. Disse que era crise asmática, sendo que ela não tinha [asma]", conta Kettly.
A mãe diz ainda que Aurora foi levada para a área vermelha duas vezes. Na primeira, usando uma máscara de Hudson, equipamento utilizado por pacientes com insuficiência respiratória. Além disso, foi medida a saturação da menina, mas com um equipamento destinado a adultos. A leitura feita dessa forma mostrou que a saturação estava boa, e por isso Aurora foi levada de volta para a ala pediátrica.
"Aconteceu outro erro médico. Tiraram a máscara que estava dando oxigênio a ela. Minha filha estava tão agoniada que ela ficava todo tempo deitada de bruços na maca, até que eu a peguei no colo e ela acabou perdendo o acesso do soro. As enfermeiras simplesmente disseram: 'Ela tirou o acesso por sua causa, sua filha vai voltar para a área vermelha por sua causa'", conta Kettly.
As enfermeiras tentaram colocar o acesso novamente, mas a desidratação da menina dificultou a localização das veias. Quando furaram o pé para inserir o equipamento, Aurora não estava mais respondendo.
A médica auscutou a menina e identificou um "chiadinho" no peito.
"[Após a auscuta, a médica disse:] 'Vou aqui e volto já', e foi embora. Quando eu chamei a Aurora, ela não estava mais ali. Ela ficou com aquele olhar gelado, paralisado", relata a mãe.
Aurora foi levada mais uma vez para a área vermelha. A confirmação da morte veio logo em seguida.
"A médica que admitiu a Aurora em nenhum momento falou comigo, as outras médicas que falaram. Entramos em uma sala, com assistente social. Eu disse: 'Por favor, digam se a minha filha está viva'. Foi aí que falaram que minha filha não estava [viva]. Minha reação foi me jogar no chão, gritar, chorar. "Pedi para ver a Aurora. Eu peguei ela, fiquei um pouco com ela. Nenhuma das médicas me disse o que a minha filha teve até então, era um laudo inconclusivo. No laudo que a médica deu, diz que tentaram reanimar a minha filha por 52 minutos. É mentira. Foi um quadro que evoluiu rápido, a Aurora faleceu por volta de 12h. Quando ela saiu dos meus braços, ela já estava morta".
Kettly conta ainda que o laudo do Instituto Médico Legal (IML) informa que Aurora morreu por broncopneumonia, uma infecção pulmonar que afeta brônquios e pulmões, provocando inflamação nas vias respiratórias e alvéolos.
Também houve broncoaspiração, que é quando partículas de alimentos, líquidos, saliva ou vômito são acidentalmente inalados para as vias respiratórias ou pulmões.
"O que me dói mais é saber que isso pode acontecer com outra pessoa, com outra criança. Isso não é justo com ninguém. Eu não quero que nenhuma mãe passe pelo o que eu passei. A dor que eu estou sentindo, eu não desejo para ninguém", conclui.
FONTE: com informações do g1 Alagoas
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