16/11/2024 às 11h37 - atualizada em 16/11/2024 às 15h12
Acta
MACEIO / AL
"Tenho essa preocupação com golpes e clonagem, e olha que faço parte de uma geração mais antenada. Mas hoje em dia todo mundo é meio hacker", conta Sandra Aparecida, 44. "No início, até achava que o Pix era uma forma da Receita ficar bisbilhotando nossa vida."
Mas, há cerca de um ano, a pedido do novo emprego, ela se rendeu ao sistema e se juntou aos quase 170 milhões de usuários que utilizam o pagamento instantâneo, o Pix, que completa quatro anos neste sábado (16) e transformou a forma de realizar transferências e pagamentos no país.
Apesar da adesão massiva, muitas pessoas ainda sentem desconfiança. Para alguns, questões de segurança e conveniência ainda pesam mais que a praticidade. Especialistas em tecnologia e sistema financeiro, no entanto, garantem que o Pix é seguro e representa um caso de sucesso e orgulho nacional.
De acordo com a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), a expectativa é que o Pix cresça 58,8% em 2024, movimentando R$ 27,3 trilhões, com um aumento de 52,4% nas transações, atingindo 63,7 bilhões de operações.
Até 30 de setembro de 2024, o Pix já havia superado os dados de 2023, com 45,7 bilhões de transações e R$ 19,1 trilhões movimentados.
Sandra lembra que, até 2022, evitava até mesmo aplicativos bancários. Fazia questão de frequentar caixas eletrônicos e agências. Durante a pandemia, acabou baixando o app do banco por conta das medidas de isolamento social, mas ainda resistia ao Pix.
Hoje, ela ainda pensa duas vezes antes de usá-lo e prioriza pagamentos pelo débito, crédito ou dinheiro. "Sempre ando com R$ 10 ou R$ 20 na carteira. Até porque não são todos os lugares que têm internet boa", diz.
Mário Cacace, 47, educador físico e proprietário de três boxes de crossfit, também considera mais prático o uso do cartão e do dinheiro em suas transações do dia a dia. "Eu nunca senti necessidade de usar o Pix. Quando preciso, peço para minha esposa fazer", conta.
"É mais uma questão de comodidade. Acho prático usar o cartão e não vejo tanta necessidade do Pix, então acabei deixando pra lá."
O veterinário Alexandre Thomaz, 49, teme que o celular com Pix possa aumentar o risco de roubos. Ele utiliza o sistema apenas para receber pagamentos, nunca para efetuá-los.
"Me sinto inseguro de ficar carregando o celular para cima e para baixo. A gente vive num país muito violento. Prefiro não me submeter ao risco."
Segundo Fernanda Garibaldi, diretora executiva da Zetta, associação que oferece serviços financeiros digitais, a maioria dos problemas associados ao Pix não decorre de falhas de segurança, mas da chamada engenharia social.
"São práticas em que as pessoas são levadas a fornecer senhas ou dados por mensagens enganosas ou ligações fraudulentas," explica.
Uma das táticas mais atuais é a história de alguém que, após receber um Pix falso, devolve o dinheiro e acaba perdendo o valor, pois o golpista já havia acionado o MED (Mecanismo Especial de Devolução) para reaver a quantia.
Antônio Soares, CEO da Dock, empresa de tecnologia que oferece soluções para pagamentos e banking na América Latina, destaca que o sistema financeiro está em constante evolução justamente para responder a esses desafios.
"A fraude sempre evolui, e as soluções precisam evoluir para preveni-las. O sistema financeiro vai reagindo, criando defesas à medida que novas fraudes surgem. É um processo de ação e reação", afirma.
Desde o seu lançamento, o Pix passou por diversas melhorias de segurança, cada uma projetada para minimizar os riscos e tornar a experiência do usuário mais confiável.
Entre essas melhorias está o próprio MED, que permite a devolução de valores em casos de fraude comprovada.
Outra medida importante é o registro de dispositivos, uma função que restringe os valores de transação em novos celulares ou computadores, estabelecendo limites iniciais de R$ 200 por transação e R$ 1.000 por dia.
Além disso, o limite por faixa de horário foi introduzido para restringir transferências durante horários de maior vulnerabilidade, como o período noturno.
Muitos bancos também adotaram o conceito de locais seguros, em que certos limites de operação são aplicados automaticamente quando o usuário sai de sua área habitual.
Com esses mecanismos de segurança em constante aprimoramento, o Pix ainda tem potencial de crescimento, segundo os especialistas.
O Pix por aproximação, que permite que pagamento seja feito sem precisar entrar no aplicativo do banco, já está disponível em alguns bancos.
Além disso, o Pix recorrente possibilitará o pagamento de serviços como streaming de filmes e músicas, de forma automática e programada.
Outra ideia futura é o Pix Crédito, que possibilitará a concessão de crédito para pagamento via Pix, sem intermediários, promovendo maior acessibilidade ao crédito.
O sistema também busca crescer no setor corporativo, incentivando pagamentos entre empresas (B2B), o que poderá revolucionar a gestão de caixa e os fluxos financeiros empresariais, trazendo mais agilidade e eficiência para operações de pagamento entre empresas.
COMO O PIX AINDA PODE CRESCER
Pagamentos de débito e crédito por aproximação
Reduz a necessidade de cartões físicos e agiliza as transações, aumentando o uso do Pix em compras diárias.
Pix Crédito
Torna o crédito mais acessível para pequenas transações e pode beneficiar pequenos empresários e autônomos que precisam de capital rápido para despesas imediatas.
Pagamentos entre empresas (B2B)
Reduz custos e burocracia em operações comerciais, facilitando uma gestão de caixa eficiente e aprimorando o relacionamento entre empresas que dependem de pagamentos ágeis.
FATORES DE SEGURANÇA DO PIX
1 - Criação do MED (Mecanismo Especial de Devolução)
Aumenta a confiança dos usuários, pois oferece uma forma de reaver o dinheiro em caso de engano ou golpe.
2 - Registro de dispositivo
Reduz a possibilidade de uso indevido da conta em celulares ou computadores que não pertencem ao titular, protegendo as transações contra acessos fraudulentos.
3 - Limites de transação por horário
Diminui a chance de perdas elevadas em situações de coação durante a noite, dando mais controle ao usuário sobre quando e quanto pode ser transferido.
4 - Locais seguros
Ajuda a identificar transações suspeitas e previne fraudes, criando uma camada adicional de proteção quando o usuário está em um ambiente desconhecido.
5 - Pix agendado recorrente
Adiciona conveniência para pagamentos regulares e permite maior segurança para os usuários, que não precisam autorizar manualmente cada transação, reduzindo o risco de fraudes associadas a pagamentos frequentes.
FONTE: Folhapress
Há 10 horas
CEO do Carrefour na França diz que empresa vai parar de comercializar carne do MercosulHá 10 horas
PM de SP mata estudante de medicina durante abordagem em hotelHá 10 horas
Jovem que matou irmão em Maceió tem prisão convertida em internação provisóriaHá 10 horas
PT pede arquivamento de PL que anistia condenados pelo 8/1Há 10 horas
'Somente para brancos': alunos denunciam racismo em faculdade de SP