12/11/2024 às 16h12 - atualizada em 12/11/2024 às 18h47
Acta
MACEIO / AL
“Você não passa de um pedaço de lixo na terra”. Essas palavras foram lidas pelo coordenador financeiro Paulo Rodrigo Lamenha, por volta das 6h da última quinta-feira (7), logo após ele solicitar uma corrida por aplicativo para ir trabalhar. Paulo, que é gay, havia realizado uma viagem com o mesmo motorista dias antes e acredita ter sido vítima de homofobia.
O caso é investigado pela Polícia Civil de Pernambuco como “racismo por homotransfobia” - seguindo a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou que os atos de homofobia e transfobia sejam enquadrados como injúria racial, sem direito a fiança, nem limite de tempo para responder judicialmente.
Em entrevista ao g1, Paulo Lamenha contou que foi surpreendido pelos ataques logo após a corrida ser aceita, no bairro de Candeias, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. As mensagens foram enviadas por um motorista identificado apenas como Matheus, através do aplicativo 99 (veja abaixo).
“Fui pego muito de surpresa. Não consegui sequer responder e ele imediatamente cancelou a corrida. Confesso que no momento eu não tive reação”, disse Paulo ao g1.
Segundo o coordenador financeiro, dois dias antes, em 5 de novembro, ele havia realizado outra corrida com o mesmo motorista, por volta do mesmo horário. “Ele não foi simpático como geralmente os motoristas são, mas eu relevei porque poderia ter sido um dia ruim para ele”, contou.
A vítima afirmou ao g1 que percebeu que o motorista olhou em sua direção pelo retrovisor algumas vezes durante a viagem, mas não chegou a se incomodar. “No final, até desejei um bom dia, um bom trabalho, mas ele não me respondeu. Saiu batendo a porta e correndo”, afirmou.
“Não sou uma pessoa que esconda a minha sexualidade e nem tenho os trejeitos heteronormativos. O jeito como me visto, o jeito como eu falo… já ultrapassei essas questões que foram muito pertinentes durante a minha adolescência”, contou.
Denúncia
Após o caso, Paulo Rodrigo Lamenha procurou a plataforma da 99, para denunciar a conduta do motorista, e a Polícia Civil, para investigar o crime de homofobia. Segundo ele, a empresa ofereceu apenas um voucher de R$ 10 e prometeu impedir o pareamento entre ele e o homem identificado como Matheus para novas corridas.
“O retorno que eu tive foi muito ruim. Não foi uma mensagem robótica no sentido de ser uma IA [inteligência artificial] que escreveu. Mas foi robótica na frieza, categorizando o fato como 'incidente', como um 'desconforto que possa ter ocorrido’, ‘que você possa ter sentido’. Não foi isso", explicou.
Procurada pelo g1, a empresa 99 informou que:
lamenta e repudia veementemente qualquer tipo de discriminação;
uma equipe foi "mobilizada para apurações internas" e realizou o bloqueio do motorista;
fez contato com o passageiro "para oferecer todo o suporte e acolhimento necessários";
investe continuamente em treinamento e conscientização dos motociclistas parceiros;
se coloca à disposição para colaborar com as investigações das autoridades, se preciso.
A nota da empresa 99 fala em treinamento e conscientização de motociclistas parceiros. No caso de Paulo Rodrigo, o caso de preconceito aconteceu após ele pedir um carro no aplicativo.
Paulo Rodrigo nega que a empresa tenha feito algum contato além da mensagem enviada em resposta à denúncia, quando a plataforma informou que disponibilizaria um voucher de R$ 10.
A Polícia Civil confirmou ao g1 que o caso foi registrado pela Delegacia de Piedade. Segundo a corporação, "as investigações foram iniciadas e seguem em andamento até a completa elucidação dos fatos".
FONTE: g1
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