21/10/2024 às 17h01
Acta
MACEIO / AL
Primeiro a depor em audiência do Supremo Tribunal Federal (STF) com os cinco réus acusados de serem os mandantes do homicídio da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes, em 2018, o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido) disse não conhecer Ronnie Lessa ou Élcio de Queiroz, assassinos confessos da vereadora.
Chiquinho ressaltou que ele e o irmão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro Domingos Inácio Brazão, jamais tiveram contato com essas pessoas. “Nunca tive contato com Ronnie Lessa. As pessoas são anônimas para você muitas das vezes. Não tenho dúvida de que ele poderia me conhecer, mas eu nunca na vida tenho lembrança de ter estado com essa pessoa”, disse, ao responder pergunta do juiz auxiliar do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, Airton Vieira.
O parlamentar ainda completou: “Meu irmão não sabia nem da existência da vereadora. Quando houve o crime em si, o meu irmão comentou: ‘O que tão sério fez essa jovem para um crime tão grave?’. Ele não conhecia, não sabia da existência dela. Não conhecia, com certeza”, afirmou Chiquinho.
Chiquinho ressaltou que tinha excelente relação com Marielle e que ela tinha “um futuro brilhante”. “Foi maldade o que fizeram. Marielle tinha um futuro brilhante. Ela era uma vereadora muito amável”, alegou.
O parlamentar, preso desde março acusado de ser um dos mandantes do assassinato de Marielle, emocionou-se muito durante o depoimento. Ele chorou copiosamente ao falar da família, do neto, da filha. Chorou ao lembrar das idas à igreja e da rotina que tinha antes de ser preso. Lembrou ainda que a família sempre trabalhou com as comunidades, em especial a de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.
Acusações de Lessa
Embora Chiquinho tenha dito que não conhecia Lessa, o assassino confesso de Marielle afirmou, em delação premiada à Polícia Federal (PF), que fechou um acordo de US$ 10 milhões com os irmãos Brazão. Lessa é apontado como o atirador responsável pela morte da vereadora Marielle e do motorista Anderson, em 2018.
Segundo Lessa, Domingos, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), ofereceram um loteamento no bairro de Jacarepaguá, na zona oeste carioca. “Não é uma empreitada para você chegar ali, matar uma pessoa e ganhar um dinheirinho. Não”, alegou Lessa aos policiais.
Ronnie Lessa contou, em delação premiada, que Chiquinho e Domingos Brazão são os mandantes da morte de Marielle Franco. Ainda de acordo com o ex-policial, os irmãos Brazão teriam oferecido para ele e para Edmilson da Silva de Oliveira, o Macalé, um loteamento clandestino na zona oeste do Rio, que valeria milhões de reais no futuro.
“Era muito dinheiro envolvido. Na época ele falou em R$ 100 milhões e, realmente, as contas batem. [O valor de] R$ 100 milhões [refere-se a]o lucro dos dois loteamentos. São 500 lotes de cada lado”, enfatizou Lessa.
“Ninguém recebe uma proposta de US$ 10 milhões simplesmente para matar uma pessoa. Uma coisa assim, impactante”, completou.
Depoimentos
O Supremo Tribunal Federal (STF) ouve, nesta segunda-feira (21/10), cinco réus acusados de serem os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes, em 2018. O caso é conduzido pelo gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal, no Supremo.
A previsão é que sejam ouvidos o deputado federal João Francisco Inácio Brazão, conhecido como Chiquinho Brazão, e o irmão dele Domingos Brazão; o delegado da Polícia Civil Rivaldo Barbosa de Araújo Júnior; e o policial militar Ronald Paulo de Alves Pereira. Eles são réus por homicídio qualificado no caso de Marielle e Anderson e por tentativa de homicídio no caso de Fernanda Chaves, assessora da vereadora que estava no carro no momento do ataque.
Além disso, Robson Calixto Fonseca, conhecido como Peixe, responde por organização criminosa e também participará da oitiva. Todos se tornaram réus por decisão da Primeira Turma do STF, sob a suspeita de planejarem o assassinato da vereadora Marielle Franco em 2018.
Os depoimentos dentro da ação penal começaram em 12 de agosto e, agora, seguem com os supostos mandantes. Já foram ouvidas testemunhas de defesa, acusação, além do delator do caso e do suspeito de ajudar a cometer o crime. Os depoimentos ocorrerem por videoconferência, por meio do aplicativo Zoom.
FONTE: Metrópoles
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